“Sócrates é primeiro-ministro de um País onde várias escolas ficam abertas durante as férias de Natal para que os alunos possam comer pelo menos uma refeição quente por dia”. Este é o foco do editorial da revista Sábado da semana natalícia.
Várias escolas do Porto, de Gaia, de Matosinhos, de Sintra, de Almada, de Sesimbra, de Setúbal, de Olhão e de Loulé tomaram a iniciativa durante as férias de Natal para os alunos cujos pais não têm dinheiro para lhes proporcionar uma alimentação cuidada.
O Partido Socialista em tudo contradiz o preâmbulo da Constituição que propõe o “caminho para a sociedade socialista”. Como a direcção da Sábado traduz “Perdido para sempre o “socialismo” nas suas opções políticas, o PS refugia-se na retórica”.
Sobre a questão da pobreza, Cavaco Silva diz que os portugueses se deviam sentir envergonhados por existirem pessoas a passar fome. José Sócrates responde: “O que me indigna é haver tantas vezes políticos que não resistem à exploração mais descarada da pobreza.”
O melhor mesmo deve ser cruzarmos os braços perante a precariedade cada vez maior do nosso país, tendo em conta que debater sobre a miséria é uma “exploração descarada”. Curioso que na carta de princípios do Partido Socialista esteja definido que o partido se mantém “atento às contribuições e aos desafios de outras famílias políticas de orientação reformista, dirigindo-se a todos os cidadãos e dialogando criticamente com as restantes forças democráticas”.
No entanto, ao que parece, o líder do PS prefere a ajuda a um compatriota “de forma discreta, porque não precisa de nenhum louvou público”. Não fossem as decisões políticas do primeiro-ministro a justa causa da economia portuguesa se ter transformado numa “instituição de caridade”.
Um dos princípios básicos da declaração do PS é que “As políticas para a promoção do trabalho, do emprego e do bem-estar, a protecção social, a redução de desigualdades e a justa repartição de rendimentos, constituem orientações essenciais para o Estado democrático, tal como o PS o concebe”
Mesmo assim, as políticas aplicadas por esse mesmo partido estão aquém destas palavras. O Socialismo português defende e institui a diminuição do apoio aos desempregados, a flexibilização dos despedimentos, o encerramento de centros de saúde, o aumento da idade de reforma, a antecipação de dividendos das grandes empresas e o aumento dos impostos.
Como sublinha a Sábado, “o Partido Socialista apoia um Governo…que, a pouco e pouco, desmantela o Estado Social”.