sábado, 8 de janeiro de 2011

A Polémica WikiLeaks

“Há jornalistas a atacar Assange mais violentamente do que a própria secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, e há líderes políticos, como o primeiro-ministro russo Vladimir Putin (descrito como "macho-alfa" num dos telegramas divulgados), a defender Assange e a criticar a sua detenção”, assim é explicada a mediatização da Wikileaks por Luís Miguel Queirós, do Jornal Público.

O polémica das revelações que têm vindo a ser fornecidas por Julian Assange, ex-hacker australiano, passa pela boca de todos, desde políticos à sociedade jornalista. Por uns é considerado um “messias” por desvendar as injúrias dos grandes governos mundiais ou alvoroços económicos. Por outros, as acções do website WikiLeaks são vistas como uma afronta à estabilidade e pacifismo populacional e um insulto à actividade jornalística.

Miguel Sousa Tavares, através do Expresso, sustenta que Assange devia “estar preso” e acusa-o de violar "correspondência pública e privada", pondo "em risco a vida de pessoas".

José Manuel Fernandes, ex-director do PÚBLICO, caracteriza Julian Assange como “um anarquista que manipula sem grandes escrúpulos enormes quantidades de informação e promove violações de comunicações secretas não em nome da transparência mas para tentar destruir o tipo de sociedade em que vivemos".

O eurodeputado do Bloco de Esquerda, Rui Tavares, argumentou, no jornal Público, que as informações que foram reveladas tiveram razão de ser e não se devem manter ocultas, como o facto de em Portugal, "um presidente do BCP se terá oferecido para espiar os possíveis clientes do banco no Irão".

Leonel Moura, no Negócios Online, é da opinião defensora, mostrando-se revoltado com o facto de “a sanha, de contornos fascizantes, que emergiu neste últimos dias no neste nosso chamado mundo ocidental, o tal civilizado e democrático, contra um jornalista cujo único crime foi ter divulgado alguns documentos de evidente interesse público, só tem paralelo nos regimes tiranos e totalitários.”
"É evidente que as revelações do WikiLeaks são importantes. É óbvio que a exposição do pensamento íntimo dos diplomatas norte-americanos traz sarilhos à maior potência do mundo", reflecte Pedro Tadeu, no Diário de Notícias. É, ainda, da opinião que "o jornalismo parece estar em colapso": "Queixo-me por os jornais só parecerem jornais quando um qualquer WikiLeaks desafia a essência da sua razão de ser."

A WikiLeaks define-se como uma organização media dedicada a divulgar informações e notícias importantes publicamente, mantendo as suas fontes em anonimato. Se a sua acção pode ser considerada jornalismo, deixa, no entanto, algumas dúvidas de carácter ético. Apesar disso, todos os conhecimentos revelados, como os vídeos indignos na guerra do Iraque, por muita indignação e revolta que cause pelas nações, deve ser do conhecimento de todos. Todos os que depositam a confiança de voto em alguém devem estar conscientes da verdadeira realidade e de toda a manipulação que é transparecida.

A harmonia (ou a decadência) mundial não deve estar depositada apenas nas mãos de alguns sujeitos que governam e decidem o destino da humanidade a seu belo prazer. E se esta divulgação inesperada e ofensiva de escândalos políticos, éticos ou históricos servir para o homem se consciencializar do declínio da nossa sociedade e, finalmente, lutar por um mundo melhor, seja lá ele qual for, que assim seja.



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